tentando não se entregar.

por dentro parece uma tarde gelada. tudo ficando cada vez mais branco e a luz difusa que se reflete infinitamente, fazendo-a contrair, de tempos em tempos, suas pupilas tão negras de mulher que deixou de chorar quando se perdeu de vez.
depois de tudo, uma catedral misteriosamente se ergueu no centro do peito. também branca e afiada, era a nova senhora daquele corpo esvanecido, frio e desistente. uma catedral flutuante, imponente mas frágil, sustentando a existência puramente humana da menina e ostentando em seus jardins lindas árvores de veias quase verdes – que seriam verdes mesmo se o branco não fosse sufocante. dentro do peito pequeno do pequeno corpo, ainda dentro da minúscula catedral, sobre a mesa aflita do altar, uma taça de sangue seco. era tudo que ela tinha a oferecer.

Dev em palavras .

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