no final de uma noite que havia sido minha ele falou que me teria, se eu lhe desse beijos nos olhos antes de dormir. queria que eu lhe desse gotinhas mas gotinhas não me satisfazem mais.
eu dei um beijo angustiado – desses com os quais a gente desenterra coisas preciosas – e ele entendeu que talvez um dia,

sei que ele quis que eu gritasse. e eu gritei, muda, entre um silêncio e outro. mas ele não ouviu porque suas vontades nunca podem vir a ser. porque tudo que está distante é mais perfeito. porque toda imagem borrada cabe melhor em seus anseios.
em vez de gritos ele me ouviu sorrir… de tanto não querer, ele me ouviu sorrir.

eu que nunca fui, hoje estou só. tenho cinco desejos e algumas veias vazias.
com tudo se movendo ao redor, eu, imóvel, estou de passagem.
branca. pesada de arrancar gemidos.
implícita.

Dev em palavras .

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