ele lia todas as noites, antes de dormir.
lia tanto e tudo aquilo se aglomerava dentro dele e, sem saber viver, deixava que se tornassem vãs todas as palavras.
percebeu, um dia, que mesmo as palavras mais bonitas, as mais exatas, as preferidas, nunca haviam sido usadas em sua vida. que ele nunca havia sequer as pronunciado em voz alta, nem mesmo para conhecer seu gosto na língua.
nesse dia seus ombros pesaram e ele sentiu que não estava preparado para a responsabilidade de ler e fazer com que isso transformasse sua vida em uma vida além daquela que vivia. sentiu a dor de ter que ser maior, menos vazio, menos silencioso. e nunca mais leu antes de dormir.
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