caminhava quase calma e ia recortando, com sua atenção breve e exata, pedaços de rua, de rostos, de gestos, de árvores, de notícias penduradas nas bancas de jornal, palavras estampadas em placas, de conversas ouvidas involuntariamente.
chegava em casa cansada e confusa. acendia um cigarro e espalhava todos os pedaços do seu dia pelo chão da sala.
tentava descobrir ali aquilo que unia uma coisa a todas as outras. tentava. examinava cada fragmento demoradamente e, em nenhum deles, conseguia se reconhecer. todas as palavras juntas formavam uma linguagem desconhecida.
toda noite ia dormir sem saber o que fazer com tanto mundo.