meus olhos opacos são de caminhos errados e por isso, através deles, não posso dizer nada. mas sei que meus silêncios cabem bem nos teus ouvidos. e sei que meus sorrisos são proibidos – assim como meus desejos. nada, porém, me impede de viver coisas internas e perceber com desespero que coisas internas crescem sem ordem. quantas palavras morrem na tua e na minha boca? uma sala que se preenche com promessas improváveis. eu me iludo tendo consciência e tendo prazer. um abraço completo. saber que o que se quer é pouco e que não é possível. ter que pousar os olhos em outro lugar e ninar pensamentos fora de hora porque parece não existir morte, só repouso. recolher-se nas escolhas feitas, contentar-se com palavras. fechar os olhos para tudo que eu desejo e ser aceita em uma história que não me sustenta mas que me prende. não poder mesmo ter tudo o que se quer sempre.
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