memórias de muro sem cor ou de sonhos improváveis que foram se acumulando em brônquios, bronquíolos. alguns até em arterias – sei porque consigo tocar quando o peito retrai – e outros que já se espalharam como tumores, com a rapidez que se espalham as coisas malignas e sem volta.
dificil é ter o ar todo ao redor, todo ele, e não ter pulmões.
eu tentaria outros gestos, outros corpos se não fosse quase sempre inútil tentar. tentaria ter outra morte, mais antiga e real que essa. tentaria desacordos com deuses sombrios.
mas tudo isso seria inútil porque a cama seria sempre a mesma e todos os caminhos dariam num mesmo lugar que poderia ser outro se visto com olhos nus mas, a essa altura do desespero, sete véus já encobrem as córneas.
é pouco provável que os relógios saibam horas nesse lugar. qualquer quebra de silêncio é pouco provável. e fica a iminência, por pura devoção ao terror.