o corpo todo perder a noção da hora e não haver relógio que amenize a frustração de não querer fazer parte de um mundo que funciona com ou sem você. tempo congelado o suficiente pra não apodrecer por completo. mas não o suficiente para tocá-lo e sentir prazer.
coisas coisas coisas. um dia só, longo, com mais pontes que paredes. uma escada torta branca fraca que sai de um ponto da sala que ninguém nunca alcancaria. e leva para um outro onde ninguém conseguiria viver. às vezes é besta mesmo, a vida.
um pijama pendurado sozinho, às três da manhã, num cabideiro acéfalo. cadeiras monótonas, janelas fechadas (porque a essa hora o jardim não me pertence). de mim sai mais fumaça do que realmente entra. desconfio que parte dessa fumaça já habite o meu peito e saia a noite só para tecer espaços vazios.
todas as medidas do homem. a mão, a cabeça e os joelhos determinando a altura de tudo. momentos em que eu percebo que pessoas moram sobre a minha cabeça. os canos que não param de fingir tempestades ao meu redor. o urso dos canos.
a noite é a hora em que só o meu coração bate e todos os deuses pedem perdão. o céu impedido. o mundo a casa e eu.
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